Um velho cruza a soleira de botas longas
De barbas longas, de ouro o brilho do seu colar
Na laje fria onde coarava
Sua camisa e seu alforje de caçador
Oh meu velho e invisível avôhai !
Oh meu velho e indivisível avôhai !
Neblina turva e brilhante em meu cérebro coágulos de sol
Amanita matutina e que transparente cortina ao meu redor
Se eu disser que é meio sabido, você diz que é meio pior
E pior do que planeta quando perde o girassol
é o terço de brilhante nos dedos de minha avó
E nunca mais eu tive medo da porteira
Nem também da companheira que nunca dormia só
Avôhai...
Avôhai...
O brejo cruza a poeira, de fato existe
Um tom mais leve na palidez desse pessoal
Pares de olhos tão profundos
Que amargam as pessoas que fitar
Mas que bebem sua vida, sua alma, na altura que mandar
São os olhos, são as asas, cabelos de
Avôhai.....
Na pedra de turmalina e no terreiro da usina eu me criei
Voava de madrugada e na cratera condenada eu me calei
Se eu calei foi de tristeza, você cala por calar
E calado vai ficando, só fala quando eu mandar
Rebuscando a consciência, com medo de viajar
Até o meio da cabeça do cometa, girando na carrapeta
No jogo de improvisar
Entrecortando eu sigo dentro a linha reta
Eu tenho a palavra certa
Pra doutor não reclamar
Avôhai.....!