Quando veio, mostrou-me as mãos vazias
as mãos como os meus dias
tão leves e banais.
E pediu-me que lhe levasse o medo,
eu disse-lhe um segredo:
"não partas nunca mais".
E dançou,
rodou no chão molhado,
num beijo apertado
de barco contra o cais.
E uma asa voa
a cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
e eu não sei quem te perdeu.
Abraçou-me
Como se abraça o tempo,
A vida num momento
Em gestos nunca iguais.
E parou,
cantou contra o meu peito
num beijo imperfeito
roubado nos umbrais.
E partiu,
sem me dizer o nome,
levando-me o perfume
de tantas noites mais.
E uma asa voa
a cada beijo teu,
esta noite
sou dono do céu
e eu não sei quem te perdeu.