Entre A Vertigem E O Silêncio

Nuno Norte

Sim esta é a minha rua

a minha sala, o meu quarto, o meu colchão

em vez de janelas há estrelas

e o tapete o passeio, as pedras do chão

o candeeiro a luz da lua

o cobertor caixas forradas de papel

em vez de vontade o cansaço

em vez de um beijo o vento a rasgar-me na pele



Talvez um dia possa ser

tudo o que o meu sonho quiser

e assim chegue ao pé de ti

talvez um dia possa ser

talvez um dia possa querer

acordar-me a mim



Sim esta é a minha vida

dois braços baixos aí estendidos no chão

entre o silêncio e a vertigem

sorriso gasto sem calor no coração

o sol não nasce, apenas passa

o tempo cai sem nada desenhar no céu

arrasto pegadas na alma

olho pra trás e vejo não há nada meu