Não morri no dia do acidente
Em que meu carro foi quase partido ao meio
Não contavam com sobreviventesCom um desastre realmente muito feio
Não morri quando fui baleado
Apesar de ter cruzado um tiroteio
Eu mesmo fiquei admirado
Porque nenhum dos 27 foi em cheio
Vez em que o azar tem trabalhado muito bem
Mas a morte ao que parece não quer nem saber de mim
Deve ter havido um erro na digitação
Porque as coisas não costumam ser assim
Eu devia ter morrido envenenado
Por ter misturado whisky e gasolina
Nem sequer fui hospitalizado
O caso eu resolvi com uma aspirina
Não morri quando calcei a bota
Sem saber que havia um escorpião lá dentro
Pode ser que eu seja um idiota
Pois não faço disso um acontecimento
A única certeza que se tem nessa vida
É que ela acabe, contra isso não há nada a se fazer
Posso imaginar a sua indignação
Não é só a discussão que vai perder
Estive sob sua mira
E acabou sua munição
Pra você ver que o jogo vira
Não sou eu nesse caixão
Assim acaba sua vida
Vá você, que eu não vou, não
Boa sorte na descida
Não quero te dar lição nenhuma
Uma explicação melhor fico devendo
Não há uma palavra que resuma
E você também não tem mais muito tempo
O fato é que eu também não entendo
Eu sigo o rumo que o destino aponta
E nesse meio tempo eu vou bebendo
Até que a morte chegue e peça a conta
Agora se me der licença
Eu vou fumar o meu cigarro
Eu vou tomar uma cerveja por aí
Pode ser que um dia a sorte mude
Sei que fiz tudo que pude
Só por isso estou aqui
Estive sob sua mira
E acabou sua munição
Pra você ver que o jogo vira
Não sou eu nesse caixão
Assim acaba sua vida
Vá você, que eu não vou, não
Boa sorte na descida