Hei, hei, hei, nego
Você está na sintonia da sua Rádio Êxodos
Eu, DJ Nel comandando o melhor da Black MusicSão 23 minutos de um novo dia
O Japonês do Jardim Rosana manda um salve para o Zezé
Pro Chiquinho, pro Kau, pro Ribeiro, Tiço, Zulu e o Serginho
O Valtinho da Sabin manda um salve aí pro Vandão da Vila do Sapo
E a Kiara do Embu manda um abraço pra a Viviane do Sadí
É, o Papau do Parque manda um salve aí pros manos da 50 né
E a Adriana do Tamoio manda um salve aí pra rapa do Sujeito Suspeito do Paranapanema
E pra você que está pensando em fazer um pião
Pegue seu bombojaco e sua toca, porque faz 10°C em São Paulo
A lua cheia clareia as ruas do Capão
Acima de nós só Deus, humilde, né, não? Né, não?
Saúde, plim, mulher e muito som
Vinho branco para todos, um advogado bom
Esse frio tá de fuder
Terça-feira é ruim de rolê, vou fazer o quê?
Nunca mudou, nem nunca mudará
O cheiro de fogueira vai perfumando o ar
Mesmo céu, mesmo CEP, no lado sul do mapa
Sempre ouvindo um rap pra alegrar a rapa
Nas ruas da Sul eles me chamam Brown
Maldito vagabundo, mente criminal
O que toma uma taça de champanhe também curte
Desbaratinado, tubaína tutti-frutti
Fanático, melodramático, bon vivant
Depósito de mágoa, quem tá certo é o Saddam
Playboy bom é chinês, australiano
Fala feio e mora longe e não me chama de mano
E aí, brother, hey, uhu! Pau no seu... (ai!)
Três vezes, seu sofredor, eu odeio todos vocês
Vem de artes marciais que eu vou de SIG Sauer
Quero sua irmã e seu relógio TAG Heuer
Um conto, se pá, dá pra catar
Ir para a quebrada e gastar antes do galo cantar
Um triplex pra coroa é o que malandro quer
Não só desfilar de Nike no pé
Ô, vem com a minha cara e o din-din do seu pai
Mas no rolê com nós, cê não vai
Nós aqui, vocês lá, cada um no seu lugar
Entendeu!? Se a vida é assim, tem culpa eu?
Se é o crime ou o creme, se não deves não teme
E as perversa se ouriça, e os inimigo treme
E a neblina cobre a estrada de Itapecerica
Sai, Deus é mais, vai morrer pra lá zica!
Não adianta querer, tem que ser, tem que pá
O mundo é diferente da ponte pra cá
Não adianta querer ser, tem que ter pra trocar
O mundo é diferente da ponte pra cá
Tem que ser, tem que pá
O mundo é diferente da ponte pra cá
Não adianta querer ser, tem que ter pra trocar
Outra vez nós aqui, vai vendo
Lavando o ódio embaixo do sereno
Cada um no seu castelo, cada um na sua função
Tudo junto, cada qual na sua solidão
Hei, mulher é mato, a Mary Jane impera
Dilui a rádio e solta na atmosfera
Faz da quebrada o equilíbrio ecológico
E distingue o Judas só no psicológico
Oh, filosofia de fumaça, analise
E cada favelado é um universo em crise
E quem não quer brilhar, quem não? Mostra quem
Ninguém quer ser coadjuvante de ninguém
Quantos caras bom no auge se afundaram por fama
E tá tirando dez de havaiana?
E quem não quer chegar de Honda preto em banco de couro
E ter a caminhada escrita em letras de ouro?
A mulher mais linda sensual e atraente
A pele cor da noite, lisa e reluzente
Andar com quem é mais leal, verdadeiro
Na vida ou na morte, o mais nobre guerreiro
O riso da criança mais triste e carente
Ouro e diamante, relógio e corrente
Ver minha coroa onde eu sempre quis pôr
De turbante, chofer, uma madame nagô
Sofrer pra que mais se o mundo jaz do maligno?
Morrer como homem e ter um velório digno
Eu nunca tive bicicleta ou video game
Agora eu quero o mundo igual Cidadão Kane
Da ponte pra cá, antes de tudo é uma escola
Minha meta é dez, nove e meio nem rola
Meio ponto a ver, hum, e morre um
Meio certo não existe, tru, o ditado é comum
Ser humano perfeito, não tem mesmo, não
Procurada viva ou morta a perfeição
Errare humanum est, grego ou troiano?
Latim? Tanto faz pra mim, ′fi' de baiano
Mas se tiver calor, quentão no verão
Cê quer da um rolê no Capão, daquele jeito
Mas perde a linha fácil, veste a carapuça
Esquece esses defeitos no seu jaco de camurça
Jardim Rosana, Três Estrelas e Imbé
Santa Tereza, Valo Velho e Dom José
Parque Chácara, Lídia, Vaz
Fundão, muita treta pra Vinícius de Morais
Não adianta querer, tem que ser, tem que pá
O mundo é diferente da ponte pra cá
Não adianta querer ser, tem que ter pra trocar
O mundo é diferente da ponte pra cá
Tem que ser, tem que pá
O mundo é diferente da ponte pra cá
Não adianta querer ser, tem que ter pra trocar
Firmeza total
Mas não leve a mal tru, cê não entendeu
Cada um na sua função, o crime é crime, eu sou eu
Antes de tudo eu quero dizer, pra ser sincero
Que eu não pago de quebrada, mula ou banca forte
Eu represento a Sul, conheço loco na Norte
No 15 olha o que fala, Perus, chicote estrala
Ridículo é ver os malandrão vândalo
Batendo no peito, feio e fazendo escândalo
Deixa ele engordar, deixa se criar bem
Vai fundo, e é com nóis, superstar, Superman, vai
Palmas para eles, digam hei, digam how
Novo personagem pro Chico Anísio Show
Mas firmão, né, se Deus quer, sem problemas
Vermes e leões no mesmo ecossistema
Cê é cego doidão? Então baixa o farol!
Hei, how, se quer o quê com quem, djow?
Tá marcando, não dá pra ver quem é contra a luz
Um pé de porco ou inimigo que vem de capuz?
Ei truta, eu tô louco, eu tô vendo miragem
Um Bradesco e bem em frente da favela é viagem
De classe A da TAM tomando JB
Ou viajar de Blazer pro 92 D.P
Viajar de GTI quebra a banca
Só não pode viajar com os mão branca
Senhor, guarda meus irmãos nesse horizonte cinzento
Nesse Capão Redondo, frio, sem sentimento
Os mano é sofrido e fuma um sem dar guela
É o estilo favela e o respeito por ela
Os moleque tem instinto e ninguém amarela
Os coxinha cresce o zóio na função e gela
Não adianta querer, tem que ser, tem que pá
O mundo é diferente da ponte pra cá
Não adianta querer ser, tem que ter pra trocar
O mundo é diferente da ponte pra cá
Não adianta querer, tem que ser, tem que pá
O mundo é diferente da ponte pra cá
Não adianta querer ser, tem que ter pra trocar
Três da manhã, eu vejo tudo e ninguém me vê
Subindo o campo de fora, eu, meu parceiro Dinho
Ouvindo 2Pac tomando vinho, vivão e consciente
Aí Batatão, Pablo, Neguin Emerson
Marquinho, Cascão, Johnny MC, Sora
Marcão, Pantaleão, Nelito, Celião
Ivan, Di, sem palavra irmão
Aí os irmão do Pantanal, a rapa do morro
E oas que estão com Deus: Deda, Tchai, Edi 16, Ed, um dia nos encontraremos
A selva é como ela é, vaidosa e ambiciosa, irada e luxuriosa
Pros moleque da quebrada um futuro mais ameno, essa é a meta
Pela Fundão, sem palavras, muito amor!
Firmeza total, vagabundo!
É desse jeito!