Bang!

Emicida , Adriana Drê

Quem é quem nessa multidão
Hei, olhe ao seu redor, camarada
Pra que as trevas não levem seu brilhoPra que as coisas não saiam do trilho

Em todo momento atenção
Hei, olhe ao seu redor, camarada
Pra que as trevas não levem seu brilho
Pra que as coisas não saiam do trilho

Ai, neguinho o caralho
Meu nome é Emicida, porra
O zica, corra, trinca, brabo, desde a orra
É o fim da zorra, vim dos free que é mate ou morra
Frio, masmorra, tio, do morro à desforra
Cor, etiópia, sépia, luz própria
Rap é anticópia, né, fi′? Deixa em off
A fama e os click-click, ouço um slick rick
No bote igual Diplik, ligeiro pique Wikileaks

São velhas agonias, novas tecnologias, 'jão
Vim pra ser Ben 10, moleque monstrão
De volta no ringue, swing no bang
Dando sangue, até o fim, fé, dorothy stang
O gueto morrendo nos corró
E o rap brigando na net pra ver quem tem um tênis melhor
É cada um com sua cruz, ′jão
Alá, Jesus, andei no mei' duns cuzão, cedi? Não

Quem é quem nessa multidão
Hei, olhe ao seu redor, camarada
Pra que as trevas não levem seu brilho
Pra que as coisas não saiam do trilho

Em todo momento atenção
Hei, olhe ao seu redor, camarada
Pra que as trevas não levem seu brilho
Pra que as coisas não saiam do trilho

Normal, chame radical
Mas não abraço que de ontem pra hoje ser preto ficou legal
Palhaços em festa, raiz cortada
A dor dos judeus choca, a nossa gera piada

Gana mata um clima bucólico, o faz melancólico
Lá fui São Tomé no inferno dos católicos
Claro que o tom soa terrorista
Meu país é um ciclista, fã do fi' do Eike Batista

Regra selvagem, merda, paisagem, tensa
Essa densa, onde nada compensa
Pra nóis contra os boys, frouxo
Tira a favela, ela te mostra 50 tons de roxo

Rejeitados, grouxo, o que gera?
Um estilo torto, mas as pernas do garrincha também eram
Pobre, louco, também pudera
Não quero ouvir groselha, é mó′ boi, tio, num prospera

Quem é quem nessa multidão
Hei, olhe ao seu redor, camarada
Pra que as trevas não levem seu brilho
Pra que as coisas não saiam do trilho

Em todo momento atenção
Hei, olhe ao seu redor, camarada
Pra que as trevas não levem seu brilho
Pra que as coisas não saiam do trilho

Nem todo mundo que tá é
Nem todo mundo que é tá
Nem todo mundo que tá é
Nem todo mundo que é tá
Nem todo mundo que tá é
Nem todo mundo que é tá
Nem todo mundo que tá é
Nem todo mundo que é tá

O mundo ainda não está acostumado
A ver o reinado de quem mora do outro lado da ilusão
A ilusão da felicidade tem quatro carros por cabeça
Deixando o planeta sem capacidade de respirar a vontade
A ilusão de que é mais vantagem em cada casa
Mais carro que filho (cada filho ou menos filho que carro)
Enquanto eu com meu faro (vou tirando onda)
Vou na bike do meu verbo tirando sarro
Minha nave é a palavra
É potente o meu veículo sem código de barra
Não tem etiqueta, embora sua marca seja boa
Minha alma é de boa marca (por isso não tem placa)
Tabuleta, (inscrição), meu cavalo pega geral
É Pegasus, (é genial), a palavra tem mil cavalos quando eu falo
Sou embaixador da rua, não esqueço os esquecidos
E eles se lembram de mim
Sentem a lágrima escorrer da minha voz
Escutam a música da minha alma
Sabem que o quero pra mim, quero pra todo o universo
É esse o papo do meu verso